sábado, 14 de abril de 2007

As diferenças



A paz e a guerra,
A alegria e a tristeza,
Um sorriso, uma lágrima,
Uma criança, um prisioneiro,
A liberdade, a escravidão,...


Tantos são os contrastes no mundo...


A liberdade de uma criança com sorriso inocente, pulando pelos parques e correndo até ao baloiço que a faz voar até a fantasia. A alegria desse jovem ser que não sabe ainda que existem nuvens negras para além do azul limpo que alcança quando nos dias de Verão sai com os pais ao jardim...


A escravidão daquela outra criança, vivendo com os mesmos direitos mas deveres opostos.. A prisão em que vive, num constante mundo em que a lágrima é o poder que fala mais alto... A busca pela sobrevivência, pela vida que nem sonha poder alguma vez existir... Um destino de caminho já traçado por um triste mundo de constrastes extremos! Uma procura de um pequeno motivo para um tão comum sorriso que lhes é tão raro e quase inalcansável de conseguir...
Vivemos nisto, em terras que à partida são iguais e que depois se tornam tão diferentes.. Nascem novas estrelas a toda a hora e em cada metade do universo que é este nosso pequeno Mundo vive-se uma situação oposta.


Num dos lados, aquele que vive com nuvens de cor, pintadas pelo pôr-do-sol, temos os pais que sorriem ao estar perante tão belo e profundo primeiro olhar, sem sequer pensar no tão difícil que é criá-lo, educá-lo e dar a conhecer todos os pequenos segredos que o mundo esconde, sejam eles bons ou maus. No outro lado, aquele que vive com as nuvens escuras trazidas pelos ventos e tempestades, temos os pais que nem um sorriso conseguem lançar ao IDÊNTICO belo e profundo primeiro olhar do recém-nascido que lhes é posto nos braços que é tão igual àquele outro, do outro mundo. Limitam-se apenas a fechar os olhos, deixando cair uma lágrima de esperança, sonhando que aquela frágil criança consiga da sua vida algo melhor que a deles... Voltam a abrir os olhos e vêem o bebé sorrir, enchendos-lhes os corações de uma alegria imensa, mas repentina, voltando a pensar se esse seria o primeiro e último de uma vida dura, cheia dos obstáculos mais cruéis e dolorosos da vida...


A guerra e a paz são tão relativas...


Se esta criança que nasceu em guerra, na luta contra a fome, à saúde, às armas, se ela tivesse uma só oportunidade de voar ao mundo da fantasia e ver o céu azul... de ter um carrinho de brincar... de ter um bolo de aniversário com velas para soprar... de ter a despreocupação de ir dormir sem medo de ouvir um disparo e um grito em menos de um segundo.


Não temos mesmo a mínima noção do que isso é... Nós somos daquelas crianças que cresceram com TUDO! Sim, digo tudo porque não posso chamar outra coisa a um conjunto ao que consideramos 'necessidades básicas' como a comida, um tecto, andar de baloiço, poder ter dado a mão ao pai quando tínhamos medo de adormecer ao escuro e recorrer à mãe quando tínhamos um pesadelo. Esquecemo-nos muitas vezes é que antes de tudo isso fomos apenas o recém-nascido igual a todos os outros, com o mesmo "belo e profundo primeiro olhar" que dá origem a esta nossa espécie tão variada e no fundo: tão mística mas cruel, tão inovadora mas destruidora, tão igual mas tão diferente...
Escrito a Abril de 2007