segunda-feira, 26 de maio de 2008

Paixão, amor, cumplicidade

A paixão é fácil. A euforia da vontade para ser feliz cala os medos, as dúvidas, as inseguranças. Mas para quem acredita numa relação, quer mantê-la e vivê-la no seu todo já é um processo longo e difícil. As pequenas coisas vão-se sobrepondo ás grandes. Vão-nas derrotando, querendo enterrar e acabar com a intimidade. Ter alguém, viver com alguém, manter esse alguém nunca foi nem nunca será um processo fácil.
A sociedade de hoje em dia tem cada vez mais medo de assumir um compromisso. De querer mantê-lo. Porque hoje tudo o que é difícil é posto de parte e toda a gente assume que tem o que quer de mão beijada. Mas tal como até hoje isso nunca deu total resultado, nunca irá dar. Há sempre qualquer coisa que falta e, mais tarde ou mais cedo, apercebemo-nos do que é que falta. Todos nós precisamos de algo que nos prenda, que nos entusiasme, que nos dê saudade, alegria, emoção. Algo por que tenhamos que lutar todos os dias para manter por já nos ser indispensável. Algo que não seja mais um peso sobre os ombros mas que nos dê prazer em investir o nosso tempo, em partilhar as nossas vidas.
Quer seja em filhos, quer seja em amantes, a cumplicidade entre duas pessoas é o resultado dessa luta. De todos os obstáculos por que passam os casais, por que passam os pais com os filhos. E é, de longe, o mais difícil de se conseguir. A solidão nunca há-de ser algo de bom. Uma coisa é ter o seu próprio tempo e espaço, um pouco de silêncio que a todos nós nos faz bem devês em quando. Outra coisa é o não ter nada que nos faça querer ser alguém no mundo. E só o amor, construído por altos e baixos, alcançado com o tempo, conquistado pela luta constante do dia-a-dia, faz com que sejamos pessoas completas.

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